Caro Felipão,
em primeiro lugar, permita-me aqui não referir-me a ti como senhor ou qualquer outra forma de tratamento aparentemente respeitosa. Apesar de não termos nenhum tipo de proximidade, o fato de seres meu conterrâneo e gringo é tão familiar a quem mora aqui pelos arredores da serra gaúcha, que não me vejo falando contigo usando outra coisa senão o “tu”. Junta-se a isso a semelhança física que tens com meu falecido avô, que, além de teu inegável carisma, é um dos motivos pelo qual também amplia-se minha simpatia para com tua pessoa.
O ato de escrever esta carta foi motivado, sim, pela partida da Seleção Brasileira ontem, mas não é este o assunto. Não sou um grande fã ou torcedor do selecionado nacional, porém do futebol sim, e acompanho tuas passagens por onde quer que seja.
em primeiro lugar, permita-me aqui não referir-me a ti como senhor ou qualquer outra forma de tratamento aparentemente respeitosa. Apesar de não termos nenhum tipo de proximidade, o fato de seres meu conterrâneo e gringo é tão familiar a quem mora aqui pelos arredores da serra gaúcha, que não me vejo falando contigo usando outra coisa senão o “tu”. Junta-se a isso a semelhança física que tens com meu falecido avô, que, além de teu inegável carisma, é um dos motivos pelo qual também amplia-se minha simpatia para com tua pessoa.
O ato de escrever esta carta foi motivado, sim, pela partida da Seleção Brasileira ontem, mas não é este o assunto. Não sou um grande fã ou torcedor do selecionado nacional, porém do futebol sim, e acompanho tuas passagens por onde quer que seja.
Muitos irão te condenar pelo resultado e pela forma como as coisas aconteceram. Mais do que qualquer outro, tu sabes disso e vais enfrentar de cara limpa tudo aquilo que vier contra ti. A responsabilidade é também tua, embora não somente.
Tuas glórias eu não consigo enumerar de cabeça, são muitas, mas tuas derrotas podem ser contadas nos dedos, coisa que é absolutamente louvável, dentro de uma carreira sólida e de tanto tempo num meio em que se vive de resultados. Creio eu que a derrota com a seleção perante a Alemanha tenha sido apenas a quarta relativamente marcante das quais fizeste parte.
A primeira, inegável, foi o mundial de clubes de 1995, no comando do Grêmio, da qual tu estás completamente absolvido - sabemos que as condições daquele jogo poderiam ter dado a vitória a qualquer um. A segunda, anos mais tarde, foi no mesmo campeonato, porém sob as rédeas do Palmeiras, em jogo também perdido pelo placar mínimo.
A terceira veio mais tarde, já após a conquista do pentacampeonato mundial brasileiro. Quando treinavas Portugal, conduziste as melhores campanhas que o time lusófono já fizera. Porém, na hora do maior triunfo, deixaste escapar a chance diante da inesperada esquadra helênica.
E por fim, em teu retorno à seleção, com aprovação popular e respaldo da CBF – embora eu até agora não tenha entendido o que fazia o Parreira do teu lado –, aconteceu esta “tragédia”. A única das derrotas que citei que foi elástica, descabida. Um lapso no tempo e no espaço que durou 90 minutos e trouxe a tona inúmeras críticas e controvérsias.
Teu trabalho é admirado pelo mundo da bola. És referência técnica e tática e, inclusive, alguns dos melhores treinadores brasileiros de hoje são teus aprendizes. Recuperaste um Ronaldo Nazário completamente desacreditado, fizeste o Cristiano Ronaldo e o Neymar marcarem adversários. Por mais que as coisas tenham dado errado, não acredito e sei que tu não entraste em campo com teu time pra acontecer o que aconteceu nesta última partida.
Em muitos campos profissionais, pessoas ou instituições buscam uma modernização, para acompanhar os novos tempos e os novos rumos que o mercado exige. Com o futebol não é diferente: hoje, as propostas de jogo são outras, os jogadores são outros, técnicas e táticas muitas vezes não sobrepõem-se aos aspectos físicos e psicológicos; comparando a 15 ou 20 anos atrás. O dinheiro é outro, muito maior e também vindo de fora das quatro linhas, como na TV ou em comerciais – os quais aproveitaste muito bem e com todo o direito e razão.
Porém, esta modernização muitas vezes significa uma releitura das próprias raízes. Revitalizar pode, muito bem, ser um ato de busca pelo foco naquilo que realmente é importante e na essência daquilo que já deu certo no passado, para aplicar-se em novas condições que seguirão.
Tua história vencedora no futebol é muito bonita e não pode ser ofuscada devido a uma falha que tomou proporções tão drásticas. Muitos dizem agora que estás ultrapassado e obsoleto, porém esquecem que há pouquíssimo tempo atrás, com esta mesma base de time em campo, deste nó em teu sósia Del Bosque e preconizou o encerramento da era do tiki-taka, com aquilo que é tua especialidade: futebol de marcação, proteção à zaga, contra-ataques rápidos e regulamento de baixo do braço.
É hora de voltar às raízes, Felipe. Modernizar, sem esquecer daquilo que te alavancou e fez todos engolirem tua competência. Acredito que a seleção nacional não seja mais lugar pra ti: é muito funk, muito pagode, cabelo esquisito. O que precisamos é ganhar de meio a zero, treinar forte, não deixar ninguém passar do meio-campo. Assim que ficaste consagrado. E quem sou eu pra te dizer alguma coisa, mas creio que possa ser assim que darás a volta por cima e relembrará a todos do porquê de teres sido escolhido pra ocupar o posto em que está.
Tuas glórias eu não consigo enumerar de cabeça, são muitas, mas tuas derrotas podem ser contadas nos dedos, coisa que é absolutamente louvável, dentro de uma carreira sólida e de tanto tempo num meio em que se vive de resultados. Creio eu que a derrota com a seleção perante a Alemanha tenha sido apenas a quarta relativamente marcante das quais fizeste parte.
A primeira, inegável, foi o mundial de clubes de 1995, no comando do Grêmio, da qual tu estás completamente absolvido - sabemos que as condições daquele jogo poderiam ter dado a vitória a qualquer um. A segunda, anos mais tarde, foi no mesmo campeonato, porém sob as rédeas do Palmeiras, em jogo também perdido pelo placar mínimo.
A terceira veio mais tarde, já após a conquista do pentacampeonato mundial brasileiro. Quando treinavas Portugal, conduziste as melhores campanhas que o time lusófono já fizera. Porém, na hora do maior triunfo, deixaste escapar a chance diante da inesperada esquadra helênica.
E por fim, em teu retorno à seleção, com aprovação popular e respaldo da CBF – embora eu até agora não tenha entendido o que fazia o Parreira do teu lado –, aconteceu esta “tragédia”. A única das derrotas que citei que foi elástica, descabida. Um lapso no tempo e no espaço que durou 90 minutos e trouxe a tona inúmeras críticas e controvérsias.
Teu trabalho é admirado pelo mundo da bola. És referência técnica e tática e, inclusive, alguns dos melhores treinadores brasileiros de hoje são teus aprendizes. Recuperaste um Ronaldo Nazário completamente desacreditado, fizeste o Cristiano Ronaldo e o Neymar marcarem adversários. Por mais que as coisas tenham dado errado, não acredito e sei que tu não entraste em campo com teu time pra acontecer o que aconteceu nesta última partida.
Em muitos campos profissionais, pessoas ou instituições buscam uma modernização, para acompanhar os novos tempos e os novos rumos que o mercado exige. Com o futebol não é diferente: hoje, as propostas de jogo são outras, os jogadores são outros, técnicas e táticas muitas vezes não sobrepõem-se aos aspectos físicos e psicológicos; comparando a 15 ou 20 anos atrás. O dinheiro é outro, muito maior e também vindo de fora das quatro linhas, como na TV ou em comerciais – os quais aproveitaste muito bem e com todo o direito e razão.
Porém, esta modernização muitas vezes significa uma releitura das próprias raízes. Revitalizar pode, muito bem, ser um ato de busca pelo foco naquilo que realmente é importante e na essência daquilo que já deu certo no passado, para aplicar-se em novas condições que seguirão.
Tua história vencedora no futebol é muito bonita e não pode ser ofuscada devido a uma falha que tomou proporções tão drásticas. Muitos dizem agora que estás ultrapassado e obsoleto, porém esquecem que há pouquíssimo tempo atrás, com esta mesma base de time em campo, deste nó em teu sósia Del Bosque e preconizou o encerramento da era do tiki-taka, com aquilo que é tua especialidade: futebol de marcação, proteção à zaga, contra-ataques rápidos e regulamento de baixo do braço.
É hora de voltar às raízes, Felipe. Modernizar, sem esquecer daquilo que te alavancou e fez todos engolirem tua competência. Acredito que a seleção nacional não seja mais lugar pra ti: é muito funk, muito pagode, cabelo esquisito. O que precisamos é ganhar de meio a zero, treinar forte, não deixar ninguém passar do meio-campo. Assim que ficaste consagrado. E quem sou eu pra te dizer alguma coisa, mas creio que possa ser assim que darás a volta por cima e relembrará a todos do porquê de teres sido escolhido pra ocupar o posto em que está.
Nada acaba aqui. Como disseste em entrevistas, a vida continua. E tenho certeza que inúmeros clubes – inclusive um de três cores, que fica pertinho da tua casa – te receberão de braços e coração abertos. Pelo bem do futebol.
Um grande abraço.
Flávio Eduardo Ramos
@flavioramoz


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